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Estudo aponta queda de ataques a escolas no país, mas aumento de ameaças online

De 2021 a 2025, o número de postagens com ameaças a escolas nas redes sociais cresceu 360%, diz o levantamento

Estudo aponta queda de ataques a escolas no país, mas aumento de ameaças online

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Folhapress
12/06/2025 06:30 ‧ há 1 dia por Folhapress

Brasil

Internet

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Apesar de conseguir barrar o aumento de ataques as escolas, o Brasil ainda tem dificuldade de lidar com ameaças online e comentários que enaltecem os autores de crimes. É o que mostra uma nova pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com a empresa especializada em dados Timelens.

 

De 2021 a 2025, o número de postagens com ameaças a escolas nas redes sociais cresceu 360%, diz o levantamento. Já o número de ataques caiu para 5 no ano ado, contra 12 em 2023 e 10 em 2022. Em todos, o agressor era um homem.

Pesquisadora sênior do Fórum, Manoela Miklos considera que o levantamento mostra que as experiências online e no mundo real são cada vez mais próximas entre os jovens.

Para o levantamento, foram analisadas ao longo de quatro anos, 1,2 milhões de menções em redes sociais como Instagram, X, TikTok e Facebook. O estudo ainda fez uma imersão em 10 fóruns online e 50 comunidades do Discord, nas quais foram observados o comportamento de 846 mil usuários e também foi realizada uma análise de 46 milhões de buscas no Google.

A pesquisa também confirma uma tendência que já vinha sendo notada por especialistas: a de que o discurso de ódio que antes estava a deepweb tem ganhando espaço nas redes sociais.

Em 2023, por exemplo, 90% das publicações com esse tipo de conteúdo estava na deep web. Essa taxa caiu para 78% este ano até agora.

Segundo Miklos, que participou da elaboração da pesquisa, essa tendência tem algumas motivações, incluindo o que ela considera uma recente onda de feminismo.

"Aqueles que viram seus privilégios diminuírem nos últimos tempos, ou pelo menos serem questionados nos últimos tempos, ficam com raiva", diz. "Há espaços na internet onde esses adolescentes frustrados cometem atos violentos e recebem congratulações dos seus companheiros porque pensam em fazer justiça da cabeça deles."

Ela também afirma que declarações de políticos com discurso de ódio acabam por estimular esse tipo de comportamento. "Tivemos por muito tempo lideranças assinando embaixo e promovendo esse tipo de discurso e sendo truculento. Isso é importante porque autoriza muitos meninos se sentirem autorizados a levar a cabo uma série dessas atitudes."

"Precisamos de um Estado que consiga se impor a isso para mitigar esses efeitos", diz. "É necessário repensar as políticas públicas que a gente desenhou para violência contra a mulher ou para cyberbullying, que também já são insuficientes dada a velocidade que a gente vê coisas novas surgirem."

O estudo aponta ainda que 2025 deve ter um recorde de conteúdo de ódio contra alunos, professores e escolas –em 2024, foram 105 mil postagens e, até 21 de maio deste ano, foram 88 mil.

Também chama a atenção que, cada vez mais, autores de ataques são elogiados nas plataformas. Em 2021, quando aconteceu o massacre de Realengo, foram registrados 0,2% de comentários positivos aos agressores nas redes. Em 2025, essa taxa subiu para 21%.

No caso mais recente registrado do Brasil, uma jovem de 14 anos foi morta por um colega dentro da escola em Minas Gerais. Diante da repercussão deste episódio, 27,1% dos comentários foram positivos em relação ao agressor.

A pesquisa mostra ainda que a mesma proporção de meninos e meninas afirma ter sofrido cyberbullying (12%) nos últimos 12 meses. Aponta também que 17% deles agiram de forma violenta online, enquanto o numero cai para 12% entre elas

Os pesquisadores dizem ainda esse tipo de conteúdo de raiva e ódio a outros grupos gera 67% mais de engajamento comparado aos demais assuntos online.

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